De entre o material necessário quando se entrava para a Escola Primária, como sucedeu no meu caso, constavam não só o livro para a respectiva classe, mas também os cadernos de desenho, caligrafia, com as características linhas estreitas para acerto do tamanho e forma das letras, e a sebenta, cujas letras significavam na giria popular; se és bom estudante não tenhas amores.
Para além de outros artigos escolares, como lápis, borrachas, canetas de aparos soltos, pedra ou lousa com o competente lápis e a indispensável tabuada.
A TABUADA que, para a maioria dos professores, era indispensável saber na ponta da língua, por se tornar necessária durante toda a vida, quaisquer que fossem os rumos que se seguissem e, as conjunturas sócio/económicas existentes.
Como curiosidade dizemos que nas instruções constava que, antes de se começar a aprender a Tabuada, tinha que se saber os algarismos da mesma, para melhor a podermos compreender.
Com o andar dos tempos as transformações do ensino originadas com o aparecimento das novas tecnologias, desde as máquinas somadoras e calculadoras manuais até às actuais digitais e computadores, tudo se alterou, pelo menos teoricamente, uma vez que sendo as máquinas que efectuam os cálculos, deixou-se de ter sensibilidade sobre o verdadeiro valor da moeda e consequentes transacções.
Por isso se diz que, nos dias de hoje, nem todos sabem fazer contas mentalmente e, não se referem apenas à reconversão do escudo que continua ainda a servir de base e comparação para muitos, em relação aos gastos e rendimentos.
Neste contexto, devido à crise em que nos encontramos, questiona-se se toda esta situação não tem também origem no facto do homem se ter deixado ultrapassar pela máquina na resolução dos problemas ao ter deixado de lado a Tabuada e, ser a máquina a comandar a vida.
Assim sendo chega-se à conclusão que se tem que continuar a saber a Tabuada e, ao mesmo tempo, conjugar as duas coisas para que se consiga sair da crise., antes que aconteça o que sucedeu com o estabelecimento que, com o antigo comerciante, não tinha problemas de tesouraria na sua actividade, mas que passados alguns anos de gerência dos sucessores com implementação indiscriminada de novas orientações perdeu a sua liquidez.
Por isso, pela nossa parte, leva-nos a concluir que continua a ser indispensável, para além de outras soluções, saber a Tabuada, para que em conjunto com as novas tecnologias seja possível dar-se a volta à actual situação.
Terminamos dizendo que em face da complexidade do assunto, que abordámos, deixamos a melhor resposta ao critério de cada um, na esperança que a crise socio/económica seja solucionada.
ARMANDO RIBEIRO
ARMANDO RIBEIRO