Azaruja cujo nome remonta à segunda metade do Século XVII de acordo com apontamentos existentes na Torre do Tombo, fica situada a cerca de vinte quilómetros de Évora..
Durante o Século XIX teve efemeramente o nome de Vila Nova de Príncipe e, foi muito importante na metade do Século XVIII devido ao desenvolvimento da Indústria Corticeira.
Por curiosidade ou coincidência foi devido à Indústria Corticeira que o Futebol apareceu ou se implantou em Azaruja.
Tudo isto tem a sua história, tendo sido Arménio Filipe com quem falámos há poucos dias, o homem que trouxe da Escola Barreirense o Futebol para Azaruja na década de quarenta do Século passado.
Arménio Filipe nasceu em Azaruja ( Freguesia de São Bento do Mato) e veio para Évora com três meses de idade onde permaneceu até aos sete anos, devido ao facto do seu pai ter vindo trabalhar para antiga fabrica de José Gomes Severino situada na Rua Cândido dos Reis ( onde actualmente se situa o Hotel M`AR DE AR AQUEDUTO ).
De Évora seguiu para o Barreiro, uma vez que o seu progenitor transferiu-se para aquela Localidade, onde continuou a trabalhar na Indústria Corticeira.
No Barreiro para além de ter frequentado os estabelecimentos de ensino começou a praticar futebol, numa das melhores escolas futebolísticas de então, se não mesmo a melhor a nível do País.
Foram vários os jogadores que se notabilizaram no Futebol Português, quer nas Equipas do Futebol Clube Barreirense, Grupo Desportivo da CUF e Grandes de Lisboa ,como na Selecção Nacional.
Quando tinha 14 anos regressa a Azaruja uma vez que seu pai voltou a trabalhar nesta Localidade e como facilmente se compreende na Cortiça.
Arménio Filipe resolveu então com alguns amigos da sua idade e, outros mais velhos fundar um clube em Azaruja, mesmo sem ser federado, para que fizessem o gosto ao pé e, claro para ele mostrar as suas habilidades naturais que possuía e ao mesmo tempo transmitir o que tinha aprendido na Escola do Barreiro.
Como não possuíam Campo, jogavam no Largo, o que não era o ideal, pelo que resolveram fazer um pedido à Exmª. Srª. D. Maria do Anjo Barahona que lhe cedeu o terreno para o efeito.
O primeiro jogo realizou-se com a Equipa de Évoramonte coincidindo com o início de uns anos de bom futebol em Azaruja e, resultados vitoriosos na maior parte dos jogos que efectuaram. mesmo com as melhores Equipas de Évora.
Devido à sua excelente Gastronomia, de que são exemplo o Bacalhau de Alho e Óleo ( Aleol), as Tortilhas de Favas, Boletes ( Cogumelos ), Botifarras e Linguniças ( uma especialidade de origem catalã) ,faziam com que alguns jogadores de Évora fizessem parte do plantel Azarujense.
A terceira parte dos respectivos encontros prometia e cumpria sempre a tradição de bem receber com boa gastronomia, para além da qualidade dos vinhos, muitos dos quais de origem caseira que serviam de acompanhamento.
Como curiosidade digo que quando começámos a assistir a jogos de futebol, cada vez que um jogador chutava para o ar uma bola, era vulgar dizer-se "Ao Uso da Azaruja", frase que resultou do facto de atirarem a bola para o ar quando entravam em campo e, também quando ainda jogavam no Largo, como nos foi confirmado por Arménio Filipe.
Para ilustrarmos esta crónica publicamos duas fotos de meados do Século passado , que por curiosidade apresentam camisolas diferentes.
DE PÉ -Sousa, Gaio, Leonel, Faneca, Baté e Zé Rolão.
EM BAIXO - Pirata, Franzina, Arménio Filipe, Helder e Turíbio.
EM CIMA - Gaio, Victor Oliveira, Zé Oliveira, Domingos Baptista, Pirata e António Pepe.
EM BAIXO - Quírio, Manuel Figueiredo, Dinis, Ica e Eurico.
Finalmente e para terminar desejamos muitos mais anos de vida aos sobreviventes destas Equipas com votos que Azaruja ( a que nos ligam laços familiares) continue a ser a verdadeira intérprete da Indústria Corticeira no Alentejo.
ARMANDO RIBEIRO
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